'NU #26 [Identidade]'

Nem sempre consigo ‘pôr’ as mãos em cima de um destes números da Revista NU, (edição a cargo do Núcleo de Estudantes do Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra, como presumo já muito se saber)… mas, não foi o caso para o vigésimo sexto número da NU com o tema identidade (bem a propósito do recente levantamento do património arquitectónico do sec.xx, o IAPXX - diria!).


A revista, consolidada num formato muito apetecível e sedutor, assume recorrentemente editoriais muito intrigantes, manifestando-se exemplar na diáspora do panorama editorial jovem nacional, o que me apraz louvar, por representar um corpo discente disponível e apto ao experiment(o)al, atentando-se aos temas e assuntos da actualidade.

Gostaria de destacar o belíssimo artigo de Hans Ibelings ‘Somos todos Indivíduos’, que me fez primeiramente escrever este post, pela sua perspicácia e valor acertivo. Ibelings, inicia o seu artigo com uma referência a ‘A vida de Bryan’'o ser humano é idêntico a todos os outros'. De encontro a este artigo de Ibelings, encontrei também em T.S. Eliot, nos seus 'Ensaios de doutrina crítica' uma semelhante leitura, mas sendo este relativo ao campo da literatura: dos Monty Python, e é com bom humor que aborda o factor da individuação no papel do arquitecto, e questiona distintamente, o valor pelo qual a arquitectura tende para o indivíduo e não para aquilo a que

'...Considerei a literatura, então como agora, a literatura mundial, a literatura da Europa, a literatura de um determinado país, não como uma colecção de escritos da autoria de indivíduos, mas como «conjuntos orgânicos», como sistemas em relação aos quais, e apenas as obras individuais da arte literaria e as obras de artistas individuais possuem significação. [...] Uma herança e uma causa comuns unem os artistas, conscientemente ou inconscientemente; temos de admitir que essa união é sobretudo inconsciente. Entre os veros artistas de não importa que época existe, assim o creio, uma comunidade inconsciente.'

De seguida proporia uma análise à actual tensão sobre identidade e sujeito, distintas da ordem e da função na 'catalogação' histórica-crítica das nossas comunidades inconscientes, como T.S.Eliot e Ibelings o descrevem - acerca do universo imagético do arquitecto.

No artigo de João Crisóstomo e na interessante entrevista a João Rocha (director da recente Faculdade de Arquitectura da Universidade do Minho), atentawidth:600px;-se ao factor, ininterruptamente evolutivo, acerca da tecnologia disponível para a elaboração do desenho e imagem-representação do produto arquitectónico.


Não terá este fenómeno vindo a deteriorar o valor crítico do produto arquitectónico, em função de uma imagem tecnológica permanentemente em revolução?

Parece-me a mim, que temos vindo a modificar e a transcender o culto da imagem, a um espectro que corresponde muitas vezes a um estatuto de marketing e de mercado, demasiadamente crítico e cego aos pressupostos arquitectónicos…

Também afectos, a meu ver, na sequência desta tendência imagética, são os factores-memória da arquitectura, factores sobre a responsabilidade dos operadores no discurso urbano sobre património actual e histórico e da apreciação crítica…

A identidade passará despercebida enquanto tema-confronto com uma realidade cada vez mais hiper-globalizada? Que critérios e estratégias limite optar?